Oscars 2018: “Darkest Hour”

Mais um filme com uma pegada histórica indicado ao Oscar, é claro.

Darkest Hour” (O Destino de uma Nação) é mais uma direção do britânico Joe Wright, com o roteiro de Anthony McCarten.

Wright já é bem conhecido no cinema por ter se envolvido em trabalhos como “Orgulho e Preconceito”, “Desejo e Reparação”, “Anna Karenina” e “Peter Pan”. Projetos mais históricos o motivam bastante e com Destino de uma Nação não é diferente.

McCarten escreveu “A Teoria de Tudo”, cinebiografia aclamada há pouco tempo.

Lançamento: 
01/09/2017 (Telluride – Festival)
11/01/2018 (Brasil – Comercial)

Indicações:
Melhor Filme
Melhor Ator
Melhor Design de Produção
Melhor Cinematografia
Melhor Cabelo e Maquiagem
Melhor Figurino

O filme é sobre Winston Churchill (Gary Oldman) em sua jornada política ao se tornar o primeiro-ministro do Reino Unido, durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1940 muita coisa estava em jogo, os conflitos de poder entre as nações se configuravam de modo bastante instável e assustador e cada decisão contava no campo minado que era o cenário da época.

Churchill se encontra pressionado para realizar um acordo de paz nada confiável com Hitler, ao mesmo tempo há a possibilidade de confrontar o menino austríaco, retirando as tropas inglesas da batalha de Dunkirk (nome de outro filme que em breve estará aqui).

Temos mais uma cinebiografia que foge do clichê “começo, meio e fim da vida”, o que acaba somando ainda mais para a execução da obra, por se tornar um caminho desafiador e fácil de não prender quem assiste. Entretanto o recorte temporal não deixa a desejar e complementa muitíssimo bem a narrativa da película.

Precisamos falar de Gary Oldman, o cara está sensacional em todos os aspectos que você possa imaginar, ao longo dos anos vemos com mais frequência atores interpretando figuras importantes para a história, uns com maestria e outros… (melhor nem comentar).

Mas Oldman entrega o papel da carreira dele, você passa a acreditar que está vendo o próprio primeiro-ministro e chega a ser medonho (só que de um jeito incrível). Sem falar que o processo de construção do personagem por meio da maquiagem é outro ponto ganho para a produção, pois as próteses utilizadas são realistas ao extremo, contudo não fica algo caricato ou que faça Gary se “escorar” nos artifícios para ajudar na atuação, e sim muito bem utilizado como uma ferramenta.

Temos o Churchill todo poderoso no meio dos “homi” e também em cenas mais íntimas, mostrando a humanidade do protagonista. A relação com sua esposa Clementine (Kristin Thomas) é claramente dotada de uma sintonia e companheirismo, mesmo quando há algum tipo de distanciamento por causa de seu cargo altíssimo no reino britânico.

As interações dele com a sua secretária Elizabeth (Lily James) são viscerais e desconfortáveis em algumas partes, todavia quando o final da trama se aproxima fica perceptível o senso de colaboração entre os personagens, seja para elaborar os discursos políticos motivadores ou para conversar sobre a vida mesmo.

Churchill e o Rei George VI (Ben Mendelsohn) não são lá os melhores amigos, como muitos imaginam, contudo temos uma relação formal de respeito e cooperação, mas com discrepância de opinião em algumas situações no decorrer da trama, o que acaba enriquecendo bastante a complexidade dos personagens para com suas escolhas políticas e pessoais.

Não podemos deixar de falar do design de produção desta obra, que é de deixar qualquer um admirado, tudo muito bem escolhido e estruturado na mise-en-scène. A parte técnica é eficiente e ajuda na experiência ao assistir a obra, desde a fotografia até aos movimentos de câmera, você percebe um cuidado redobrado que funciona significativamente.

No desenrolar do filme temos um homem que já foi muito odiado pelos grandalhões do reino, mas no final acaba sendo querido pela cúpula.

“Darkest Hour” é elegante, poderoso, visceral, lindamente desenhado e conta uma história complexa de modo interessante, rico e com recursos cinematográficos específicos que prendem você do começo ao fim. São 2 horas de muitos conflitos, decisões difíceis e nuances de uma instituição poderosíssima que “decide” a vida de milhões de pessoas. Além de retratar convincentemente a humanidade de alguém que é considerado como um símbolo inabalável do legado inglês.

Então é isso.

 

 

Publicado por André Carvalho (@notandrenot)

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